sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Vou deixar-te no fio da tua fala.


A PELE QUE HÁ EM MIM (Quando o dia entardeceu)

Quando o dia entardeceu



E o teu corpo tocou


Num recanto do meu


Uma dança acordou


E o sol apareceu


De gigante ficou


Num instante apagou


O sereno do céu






E a calma a aguardar, lugar em mim


O desejo a contar, segundo o fim.


Foi num ar que te deu


E o teu canto mudou


E o teu corpo do meu


Uma trança arrancou


E o sangue arrefeceu


E o meu pé aterrou


Minha voz sussurrou


O meu sonho morreu






Dá-me o mar, o meu rio, minha calçada.


Dá-me o quarto vazio da minha casa


Vou deixar-te no fio da tua fala.


Sobre a pele que há em mim


Tu não sabes nada.






Quando o amor se acabou


E o meu corpo esqueceu


O caminho onde andou


Nos recantos do teu


E o luar se apagou


E a noite emudeceu


O frio fundo do céu


Foi descendo e ficou






Mas a mágoa não mora mais em mim


Já passou, desgastei, pra lá do fim


É preciso partir, é o preço do amor


Pra voltar a viver, já nem sinto sabor


A suor e pavor, do teu colo a ferver


Do teu sangue de flor, já não quero saber






Dá-me o mar, o meu rio, a minha estrada


O meu barco vazio, na madrugada


Vou deixar-te no frio, da tua fala


Na vertigem da voz, quando em fim se cala

Sem comentários: