segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

"Os deuses devem estar loucos"

Há uns bons anos atrás (acreditam que já é de 1980!?!? O tempo passa...) houve um filme que foi tal sucesso que toda a gente se lembra ainda da viagem daquele homem com a bela da garrafa da Coca-Cola.



Em resumo, uma garrafa que cai num sítio "errado": no território de uma tribo que julgava estar só Mundo. Uma vez que é única, torna-se motivo de discórdia e é decidido que deve ser banida.

Nos últimos tempos lembrei-me deste filme em diversas situações. Não sei se vi, li ou ouvi alguma coisa de raspão, mas a verdade é que esta história de se deitar fora os pontos de discórdia, é a versão mais simplificada da vida. Por vezes complicamos, procuramos tirar partido de coisas, de situações que podem ser positivas para nós num momento, mas que para quem está perto também pode ser e até ao mesmo tempo. E que vai isso criar? Conflito! Saber partilhar é fundamental. Os actos de solidariedade, bondade ou que sejam, são cada vez mais raros. Que tal partilhar com quem está ao nosso lado? Mesmo quando em algum momento acreditamos que "aquela coisa" é mais importante para nós e os outros podem esperar... Dar! Um sorriso, um abraço, um bom dia alegre que seja. Essa já é uma bela forma de partilhar.
É detestável ver a cara das pessoas logo de manhã. Seria tão mais simples que sorrissem, mesmo que a vida não corresponda a tudo o que sempre desejaram. Sorrir. Partilhar. Viver. Ajudar. Dar. Sentir a alegria dos outros ao receber o gesto simples. Pegar na mão de alguém e saber que essa é a única vez que sente vontade de viver...
Não tinha intenção de ser quase "lamechas" ainda mais quando comecei por falar num filme de comédia, mas hoje é quase inevitável. Querem saber porquê? Nem eu sei. Apenas sei que cada vez mais quero viver de uma forma simples e que por vezes me sinto presa a este mundo que não me deixa ver além. O segredo é mesmo tentar todos os dias chegar mais longe. Soltar-me deste mundo. Viver em paz!
E sejam felizes!

domingo, 1 de fevereiro de 2009

O Valor do Tempo



"Fico sempre surpreendido quando vejo algumas pessoas a exigir o tempo dos outros e a conseguir uma resposta tão servil. Ambos os lados têm em vista a razão pela qual o tempo é solicitado e nenhum encara o tempo em si - como se nada estivesse a ser pedido e nada a ser dado. Estão a esbanjar o mais precioso bem da vida, sendo enganados por ser uma coisa intangível, não aberta à inspecção, e, portanto, considerada muito barata - de facto, quase sem qualquer valor. As pessoas ficam encantadas por aceitar pensões e favores, pelos quais empenham o seu labor, apoio ou serviços. Mas ninguém percebe o valor do tempo; os homens usam-no descontraidamente como se nada custasse.

Mas se a morte ameaça estas mesmas pessoas, vê-las-ás a recorrer aos seus médicos; se estiverem com medo do castigo capital, vê-las-ás preparadas para gastarem tudo o que têm para se manterem vivas. Tão inconsistentes são nos seus sentimentos! Mas se cada um de nós pudesse ter um vislumbre dos seus anos futuros, como podemos fazer em relação aos anos passados, como ficariam alarmados os que só podem ver com alguns anos de antecedência e como seriam cuidadosos a utilizá-los! E, no entanto, é fácil organizar uma quantidade, por pequena que seja, daquilo que nos está garantido; temos de ser mais cautelosos a preservar o que cessará num ponto desconhecido.

Mas não deves pensar que tais pessoas não sabem como é precioso o tempo. Dizem com regularidade àqueles de quem são particularmente chegados que estão dispostos a dar-lhe alguns dos seus anos. E dão-lhos sem estarem conscientes dele; mas a dádiva é tal que eles próprios perdem sem acrescentar nada aos outros. Mas o que de facto não sabem é que estão a perder; assim, podem suportar a perda do que não sabem que se foi."


Séneca, in 'Da Brevidade da Vida'

Foto retirada de Olhares.com