sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Vou deixar-te no fio da tua fala.


A PELE QUE HÁ EM MIM (Quando o dia entardeceu)

Quando o dia entardeceu



E o teu corpo tocou


Num recanto do meu


Uma dança acordou


E o sol apareceu


De gigante ficou


Num instante apagou


O sereno do céu






E a calma a aguardar, lugar em mim


O desejo a contar, segundo o fim.


Foi num ar que te deu


E o teu canto mudou


E o teu corpo do meu


Uma trança arrancou


E o sangue arrefeceu


E o meu pé aterrou


Minha voz sussurrou


O meu sonho morreu






Dá-me o mar, o meu rio, minha calçada.


Dá-me o quarto vazio da minha casa


Vou deixar-te no fio da tua fala.


Sobre a pele que há em mim


Tu não sabes nada.






Quando o amor se acabou


E o meu corpo esqueceu


O caminho onde andou


Nos recantos do teu


E o luar se apagou


E a noite emudeceu


O frio fundo do céu


Foi descendo e ficou






Mas a mágoa não mora mais em mim


Já passou, desgastei, pra lá do fim


É preciso partir, é o preço do amor


Pra voltar a viver, já nem sinto sabor


A suor e pavor, do teu colo a ferver


Do teu sangue de flor, já não quero saber






Dá-me o mar, o meu rio, a minha estrada


O meu barco vazio, na madrugada


Vou deixar-te no frio, da tua fala


Na vertigem da voz, quando em fim se cala

sábado, 26 de novembro de 2011

Fallen



Origem da imagem: http://www.stumbleupon.com/refer.php?url=http://img3.im....35.jpg


Do you remember me,
I'm just a shadow now..
This is where I used to be..
Right here, beside you.
Sometimes I call your name..
High on a summer breeze.
What I would give,
To feel the sunlight on my face..
What I would give,
To be lost in your embrace...

I've fallen from a distant star..
feat Came back, compelled because I love..
I'm caught between two different worlds,
I long for one more night on earth..

Do you believe in dreams..
That's how I found you...
But I can't be with you..
Till you take a leap of faith..
What I would give,
To feel the sunlight on my face..
What I would give,
To be lost in your embrace...

I've fallen from a distant star..
Came back, compelled because I love..
I'm caught between two different worlds..
I long for one more night on earth...


Fallen - Blank & Jones (Delerium & Rani)



O que dizem as tatuagens



"Acredita-se que esta tatuagem simboliza o Vento sobre o Céu do I Ching, um texto chinês antigo chamado "Livro das Mudanças". O significado do símbolo é: "Forçar o teu caminho só te trará azar. Permanece concentrado no teu caminho e remove os obstáculos com ações gentis. Olha para o longo prazo. Planta as sementes correctas para uma boa colheita no futuro. Cultiva a paciência, a tolerância, a adaptabilidade e o desapego. Aceita que tudo o que podes mudar és tu" "

Texto
O que dizem as tatuagens de Johnny Depp? de Starlounge in http://starlounge.pt.msn.com/gallery.aspx?cp-documentid=159903132&page=6


Para quem diz que tatuagem é simplesmente uma moda, eu digo que tem muito significado para quem as coloca no corpo...

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Dia de Palíndromo 11.11.11

"11/11/11 11:11:11

Sexta-feira é dia de palíndromo
Quando passarem 11 minutos e 11 segundos das 11 horas desta sexta-feira de novembro (11/11) - de 2011 -, estaremos perante um palíndromo de 12 dígitos, perfeito para grandes decisões, alegam alguns, ou apenas para olhar para o relógio e fixar o momento: é que outro, só daqui a 100 anos
16:37 Terça feira, 8 de Nov de 2011

Na verdade, o palíndromo - sequência de unidades que pode ser lida tanto da direita para a esquerda como da esquerda para a direita - desta sexta-feira não é perfeito, uma vez que, embora se escreva vulgarmente a data 11/11/11, por extenso seria 11/11/2011, o que anula o efeito.

Mas isso não impede o momento marcado para as 11 horas e 11 minutos e 11 segundos desta sexta-feira de estar rodeado de misticismo e superstições pela sua raridade - o mesmo dígito repetido 12 vezes. O próximo só daqui a 100 anos, quando estivermos em 2111.

Os jornais indianos dão conta de um pico de casamentos marcados para essa hora, a banda Black Sabbath fará "anúncio especial" e vários sites publicam teorias de interpretação do significado da curiosa data.

Uma das mais curiosas iniciativas previstas pretende pôr telemóveis de todo o mundo a tocar a mesma música ao mesmo tempo. No site http://sinfoniamasiva.org/ é possível fazer o download (para já só para o sistema Android, mas em breve para iPhone/iPad) de uma aplicação que deverá ser ligada pelas 11h00 do dia 11, de forma a sincronizar-se com todos os dispositivos que adiram à iniciativa. À hora certa, todos os telefones começarão a tocar um excerto da Quinta Sinfonia de Beethoven."

Notícia Visão em http://clix.visao.pt/sexta-feira-e-dia-de-palindromo=f632179

domingo, 6 de novembro de 2011

Declarações de Amor

Um dia apaixono-me se receber uma declaração de amor assim!


She can kill with a smile
She can wound with her eyes
She can ruin your faith with her casual lies
And she only reveals what she wants you to see
She hides like a child,
But she's always a woman to me

She can lead you to love
She can take you or leave you
She can ask for the truth
But she'll never believe
And she'll take what you give her
as long as it's free
Yeah, she steals like a thief
But she's always a woman to me

Ooooh she takes care of herself
She can wait if she wants
She's ahead of her time
Ooooh and she never gives out
And she never gives in
She just changes her mind

And she'll promise you more
Than the Garden of Eden
Then she'll carelessly cut you
And laugh while you're bleeding
But she'll bring out the best
And the worst you can be
Blame it all on yourself
Cause she's always a woman to me

Ooooh she takes care of herself
She can wait if she wants
She's ahead of her time
Ooooh and she never gives out
And she never gives in
She just changes her mind

She is frequently kind
And she's suddenly cruel
She can do as she pleases
She's nobody's fool
And she can't be convicted
She's earned her degree
And the most she will do
Is throw shadows at you
But she's always a woman to me

"O amor é sempre uma anormalidade que provoca graves atrasos mentais."



"Fazer um registo de propriedade é chato e difícil mas fazer uma declaração de amor ainda é pior. Ninguém sabe como. Não há minuta. Não há sequer um despachante ao qual o premente assunto se possa entregar. As declarações de amor têm de ser feitas pelo próprio. A experiência não serve de nada — por muitas declarações que já se tenham feito, cada uma é completamente diferente das anteriores. No amor, aliás, a experiência só demonstra uma coisa: que não tem nada que estar a demonstrar coisíssima nenhuma. É verdade — começa-se sempre do zero. Cada vez que uma pessoa se apaixona, regressa à suprema inocência, inépcia e barbárie da puberdade. Sobem-nos as bainhas das calças nas pernas e quando damos por nós estamos de calções. A experiência não serve de nada na luta contra o fogo do amor. Imaginem-se duas pessoas apanhadas no meio de um incêndio, sem poderem fugir, e veja-se o sentido que faria uma delas virar-se para a outra e dizer: «Ouve lá, tu que tens experiência de queimaduras do primeiro grau...»

Pode ter-se sessenta anos. Mas no dia em que o peito sacode com as aurículas a brincar aos carrinhos-de-choque com os ventrículos, Deus Nosso Senhor carrega no grande botão «CLEAR» que mandou pôr na consola consoladora dos nossos corações. Esquece-se tudo. Que garfo usar com o peixe. Que flores comprar. Que palavras dizer. Que gravata com que raio de casaco hei-de usar? Sabe-se nada. Nicles.
Olha-se para as mãos e parece uma cena de transformação dum filme de lobisomens — de onde outrora havia aqueles dedos tão ágeis e pianistas, brotam dez abortos de polegares. E o vinho entorna-se só de pensar nisso. E as solas dos sapatos passam a atrair magneticamente todos os excrementos caninos da cidade. E a voz que era toda FM Estéreo da Comercial quando vai para dizer «Gosto muito de ti» fica repentinamente Abelha Maia.
Tenha-se 17 ou 71 anos, regressa-se automaticamente aos 13 — à terrível idade do Clearasil e das sensações como que de absorção. Quem se apaixona dá mesmo saltos no ar e diz «Uau!» quando o Pai deixa usar a pasta de dentes dele. Qual «ternura dos quarenta», qual bota da tropa cheia de minhocas! O amor é sempre uma anormalidade que provoca graves atrasos mentais."




Miguel Esteves Cardoso, in 'Os Meus Problemas'

terça-feira, 1 de novembro de 2011

A propósito da Amizade



"Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
... Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril."


Texto de Oscar Wilde


(prometo procurar o original ou uma tradução para português como deve ser

imagem captada algures na net)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Someone Like You: uma cover muito especial



Há boas surpresas na música. Um dia destes ainda vamos ouvir falar desta miúda.

Mesmo quando estas letras nos fazem lembrar...

I heard that you're settled down
That you found a girl and you're married now
I heard that your dreams came true
Guess she gave you things, I didn't give to you

Old friend
Why are you so shy
It ain't like you to hold back
Or hide from the light

I hate to turn up out of the blue uninvited
But I couldn't stay away, I couldn't fight it
I hoped you'd see my face and that you'd be reminded
That for me, it isn't over

Never mind, I'll find someone like you
I wish nothing but the best for you, too
Don't forget me, I beg, I remember you said
Sometimes it lasts in love
But sometimes it hurts instead
Sometimes it lasts in love
But sometimes it hurts instead

You'd know how the time flies
Only yesterday was the time of our lives
We were born and raised in a summery haze
Bound by the surprise of our glory days

I hate to turn up out of the blue uninvited
But I couldn't stay away, I couldn't fight it
I hoped you'd see my face and that you'd be reminded
That for me, it isn't over yet

Never mind, I'll find someone like you
I wish nothing but the best for you, too
Don't forget me, I beg, I remember you said
Sometimes it lasts in love
But sometimes it hurts instead

Nothing compares, no worries or cares
Regrets and mistakes they're memories made
Who would have known how bitter-sweet this would taste

Never mind, I'll find someone like you
I wish nothing but the best for you, too
Don't forget me, I beg, I remembered you said
Sometimes it lasts in love
But sometimes it hurts instead

Never mind, I'll find someone like you
I wish nothing but the best for you, too
Don't forget me, I beg, I remembered you said
Sometimes it lasts in love
But sometimes it hurts instead
Sometimes it lasts in love
But sometimes it hurts instead

Para todo o fim, um recomeço



"É loucura odiar todas as rosas porque uma te espetou. Entregar todos os teus sonhos porque um deles não se realizou, perder a fé em todas as orações porque uma não foi atendida, desistir de todos os esforços porque um deles fracassou. É loucura condenar todas as amizades porque uma te traiu, descrer de todo amor porque um deles te foi infiel. É loucura deitar fora todas as chances de ser feliz porque uma tentativa não resultou. Espero que na tua caminhada não cometas estas loucuras. Lembrando que sempre há uma outra chance, uma outra amizade, um outro amor, uma nova força. Para todo fim, um recomeço."

in Antoine de Saint-Exupéry - O Pequeno Príncipe



Imagem de *Carnegriff



"The robbed that smiles steals something from the thief,
He robs himself that spends a bootless grief."


in William Shakespeare's Othello

Cultura - Entrevista de António Lobo Antunes à RTP - RTP Noticias, Vídeo

Uma daquelas entrevistas que vale a pena escutar

Cultura - Entrevista de António Lobo Antunes à RTP - RTP Noticias, Vídeo

"Uma coisa é o amor, outra é a relação. Não sei se, quando duas pessoas estão na cama, não estarão de facto, quatro: as duas que estão mais as duas que um e outro imaginam."

Fonte: Diário de Notícias

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Natural Woman

Foto: Mary Nolan (?) copiada de americanduchess.tumblr.com





Porque há dias em que apetece sentir que alguém nos ama até nos sentirmos assim...





Looking out on the morning rain
I used to feel uninspired
And when I knew I had to face another day
Lord, it made me feel so tired
Before the day I met you, life was so unkind
But your love was the key to peace my mind

You make me feel,
you make me feel,
you make me feel like
A natural woman, yeah

When my soul was in the lost-and-found
You came along to claim it
I didn't know just what was wrong with me
Till your kiss helped me name it
Now I'm no longer doubtful of what I'm looking for
Cause if I make you happy I don't need no more

Cause you make me feel,
you make me feel,
you make me feel like
A natural woman

Oh, baby, look you've done to me makes me feel so good inside
And I just want to be close to you
You make me fell so alive

Cause you make me feel,
you make me feel,
you make me feel like
A natural woman

domingo, 28 de agosto de 2011

"Mas eu quero desse tudo dizer também o que aí se oculta."





"O amor é tão monótono, querida. Porque ele é o cimo sensível de uma imensidade de coisas que se esqueceram. Como falar desse mínimo que é o vértice de todo um mundo que o sustenta? Falar de nada, que é o todo nele? Sandra. Podia dizer o teu nome infinitamente na multiplicação do que nele me ressoa. E é assim o que mais me apetece, dizê-lo dizê-lo. E ouvir nele o maravilhoso que me abala todo o ser. Poderia escrever o teu nome ao longo do que escrevo e teria talvez dito tudo. Mas eu quero desse tudo dizer também o que aí se oculta. Dizer o meu enlevo e a razão de ele me existir. As tuas mãos nas minhas. O incrível miraculoso de eu dizer o teu rosto. O ardor de um meu dedo na tua pele. Na tua boca. O terrível dos meus dedos nos teus cabelos. O prazer horrível até à morte da minha entrada no teu corpo."

Vergílio Ferreira in Cartas a Sandra

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

"Não digas nada!
Nem mesmo a verdade
Há tanta suavidade em nada se dizer
E tudo se entender -
Tudo metade
De sentir e de ver...
Não digas nada
Deixa esquecer

Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda essa viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada...
Mas ali fui feliz
Não digas nada."


Fernando Pessoa
Fonte de imagem: algures no ciberespaço

"Quem me dera um sossego à beira-ser "



"Sim, tudo é certo logo que o não seja.
Amar, teimar, verificar, descrer.
Quem me dera um sossego à beira-ser
Como o que à beira-mar o olhar deseja.."

Fernando Pessoa, Poesias Inéditas

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Porque amar é preciso




Quase por acaso, descobri este poema por uma qualquer sincronicidade que não sei ainda explicar, mas a verdade é que todos os seres deviam amar assim:



Amor Pacífico e Fecundo

Não quero amor
que não saiba dominar-se,
desse, como vinho espumante,
que parte o copo e se entorna,
perdido num instante.

Dá-me esse amor fresco e puro
como a tua chuva,
que abençoa a terra sequiosa,
e enche as talhas do lar.
Amor que penetre até ao centro da vida,
e dali se estenda como seiva invisível,
até aos ramos da árvore da existência,
e faça nascer
as flores e os frutos.
Dá-me esse amor
que conserva tranquilo o coração,
na plenitude da paz!


Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"
Tradução de Manuel Simões in www.citador.pt
Fonte de imagem: algures no ciberespaço





quinta-feira, 28 de julho de 2011

Elogio ao Amor

Pintura de Angela Fraleigh





Elogio ao Amor

“Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.

O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.

Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em “diálogo”. O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam “praticamente” apaixonadas.

Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do “tá bem, tudo bem”, tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?

O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida,o nosso “dá lá um jeitinho sentimental”. Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.

O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A “vidinha” é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.

O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha – é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.”

Miguel Esteves Cardoso in Expresso

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Faces e books



Outra vez o facebook... Acidentalmente removida da lista de um amigo, lá fui eu tentar saber o que se passava por sms, uma vez que não tinha havido atrito algum que pudesse originar este apagão sem razão aparente. Pois que tive direito a resposta telefónica! Lá fiquei "conectada" outra vez.

Conclusão: são precisos contratempos informáticos para falarmos com pessoas que nos fazem bem...






A tranquilidade do coração



Perguntarem se me quero apaixonar agora parece algo muito distante e a resposta é claramente "Não". But why not?

Resolvi que 2011 é o ano da real mudança da/na minha vida. Pensar em mim e no meu trabalho são prioridades e nesses dois campos as mudanças já se sentem... mas sinto ainda aquele vazio que está por preencher há tanto tempo.

"Logic doesn't seem to mind that I am fascinated by the love affair". E esta tem sido uma constante. Por muito gélida que queira ser, há sempre algo que me puxa o coração, a vontade de me apaixonar que me tira toda a lógica que possa existir e que quero manter a quase todo o custo.

Agora, com tudo o que tenho adiado a acontecer é altura de me deixar ir e sentir se tiver que ser. Se não for nada, é só porque não tinha mesmo que ser. Nada de fatalismos, mas... não há acasos...

Baby I'm A Fool

How was I to know that this was always only just a little game to you?
All the time I felt you gave your heart
I thought that I would do the same for you,
Tell the truth I think I should have seen it coming from a mile away,
When the words you say are,
"Baby I'm a fool who thinks it's cool to fall in love"

If I gave a thought to fascination I would know it wasn't right to care,
Logic doesn't seem to mind that I am fascinated by the love affair,
Still my heart would benefit from a little tenderness from time to time,
but never mind,
Cos Baby I'm a fool who thinks it's cool to fall in love,

Baby I should hold on just a moment and be sure it's not for vanity,
Look me in the eye and tell me love is never based upon insanity,
Even when my heart is beating hurry up the moment's fleeting,
Kiss me now,
Don't ask me how,
Cos Baby I'm a fool who thinks it's cool to fall,
Baby I'm a fool who thinks it's cool to fall,
And I would never tell if you became a fool and fell in Love.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Letras de músicas

Você tá sempre indo e vindo, tudo bem
Dessa vez eu já vesti minha armadura
E mesmo que nada funcione
Eu estarei de pé, de queixo erguido
Depois você me vê vermelha e acha graça
Mas eu não ficaria bem na sua estante




Em mais uma viagem de reconhecimento musical no youtube, dei por mim a ouvir Pitty, grupo com origem no Brasil que descobri recentemente.
A verdade é que as letras das músicas que ouvimos fazem mais sentido para nós em alguns momento do que noutros. E não é que esta faz todo o sentido agora?

Na Sua Estante
Pitty

Te vejo errando e isso não é pecado,
Exceto quando faz outra pessoa sangrar
Te vejo sonhando e isso dá medo
Perdido num mundo que não dá pra entrar
Você está saindo da minha vida
E parece que vai demorar
Se não souber voltar ao menos mande notícias
Cê acha que eu sou louca
Mas tudo vai se encaixar

Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Você tá sempre indo e vindo, tudo bem
Dessa vez eu já vesti minha armadura
E mesmo que nada funcione
Eu estarei de pé, de queixo erguido
Depois você me vê vermelha e acha graça
Mas eu não ficaria bem na sua estante

Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres e outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Só por hoje não quero mais te ver
Só por hoje não vou tomar minha dose de você
Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se curam
E essa abstinência uma hora vai passar...


quinta-feira, 26 de maio de 2011

"nothing is irreplaceable, a habit is not a need"


Depois de me ter sentido perdida, rapidamente voltei à terra e soube que tinha mesmo que encerrar capítulos para seguir em frente.

Os assuntos mal esclarecidos só podem regressar se não estiverem arrumados de vez. Eu quero arrumar tudo e na segunda-feira tive o sinal mais claro que alguma vez surgir.

Nada de rancores ou inimizades, apenas a dureza comigo que não me permitirá ir abaixo.

Por tudo isto finalmente tenho a certeza da tatuagem que quero fazer... a minha Fénix. Se preciso de renascer das cinzas tal como ela? Claro que sim! Neste momento, nada mais faz sentido.

Se vou começar uma nova etapa a nível profissional, este é o melhor momento para dar a volta completa! Sem fugas "para a frente", sem regressos ao passado, apenas o momento que preciso que contenha a verdadeira tranquilidade. Eu sei que vou ser capaz. :) Como alguém me disse ontem, tenho "um sorriso de Sol" e é nisso que vou acreditar, que há uma luz em mim que me faz continuar, no matter what!

"Before a new chapter is begun, the old one has to be finished: tell yourself that what has passed will never come back.
Remember that there was a time when you could live without that thing or that person – nothing is irreplaceable, a habit is not a need."




Paulo Coelho




Imagem com origem no blog Ventilador de Sonhos

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Pontos finais

O Facebook só pode ser considerado fantástico, quanto mais não seja para irmos sabendo das relações das outras pessoas que se aproximam para chorar as mágoas no nosso ombro.

A bem da verdade, desta vez não conheço a história, mas garanto que não há ombro amigo para ninguém se as coisas correrem mal! Chega! Foi o murro no estomago mais bem dado que levei nos últimos tempos.

Hoje, a propósito de uma mudança de fotografia no perfil, fiquei a saber que uma determinada Peste resolveu entrar "numa relação", depois de me ter jurado por tudo o que era mais sagrado, que tal não iria acontecer. Vindo de quem foi, só podia acreditar: não conheço ninguém com objectivos tão bem traçados a nível profissional e não faz muito tempo que me disse que "nem pensar", que não se ia envolver com ninguém... e eu, ingénua, acreditei! É tão fácil dizer as coisas para não magoar alguém, quando no fundo se está a escolher o pior caminho. Preferia ter ouvido alguma coisa como: "não está nos meus planos", expressão que podia indiciar que não era nada que estivesse no horizonte, mas que se acontecesse, que viesse, desde que fosse por bem! Pois hoje, acabou. Nunca acreditei tanto nisto como hoje!

sábado, 21 de maio de 2011

Onde está o espelho?

"O amor é a arte de encontrar no rosto do outro o espelho dos nossos sonhos."



Inês Pedrosa



Fotografia retirada do blog Crimes Perfeitos

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Cartas ou coisas do género




Escrevia o poeta que as "cartas de amor são ridículas", mas hoje apetece-me. Não escrever alguma, mas apenas falar sobre as ditas.

Não que tenha escrito muitas, mas o que tem saído cá para fora acaba por se tornar em carta sem destinatário presente. Talvez sejam quase manifestos da minha alma desconfortável com o sentimento a que chamam amor.

Tenho andado com a sensação de que me falta algo, uma espécie de carência que não consigo explicar e resolvi que "Não pode ser Princesa!". Tenho que me concentrar em mim e se há alguém que merece uma carta de amor, sou eu! Não tenho que as escrever a mais ninguém sem que as tenha escrito a mim própria. Certamente será uma aventura nova para mim, mas também pode vir a ser mais uma libertadora experiência de escrita. Logo saberei o resultado. Por agora restam-me
"Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos
"
que me rodeiam e descobrir o que realmente quero destas cartas.

Todas as Cartas de Amor são Ridículas

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)


Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa

terça-feira, 10 de maio de 2011

Communication - The Cardigans

Sobre as músicas da minha vida tenho ainda tanto por escrever, mas esta acabei de descobrir e ainda assim diz tanto sobre tudo o que vai acontecendo à minha volta.

Fiquei pasmada a ouvir a letra, pensando que nem eu poderia ter descrito tão bem o que me tem passado pela cabeça sobre confusões e stresses que vão surgindo nas cabeças dos outros que vão criando pequenos vazios. A verdade é que eu vou mesmo continuar a estar lá... In the corner of your eye.




For 27 years I've been trying to believe and confide in
Different people I've found.
Some of them got closer than others
And someone wouldn't even bother and then you came around
I didn't really know what to call you, you didn't know me at all
But I was happy to explain.
I never really knew how to move you
So I tried to intrude through the little holes in your veins
And I saw you

But thats not an invitation
Thats all I get
If this is communication
I disconnect
I've seen you, I know you
But I dont know
How to connect, so I disconnect

You always seem to know where to find me and Im still here behind you
In the corner of your eye.
I'll never really learn how to love you
But I know that I love you through the hole in the sky.

Where I see you
And thats not an invitation
Thats all I get
If this is communication
I disconnect
I've seen you, I know you
But I don't know
How to connect, so I disconnect

Well this is an invitation
It's not a threat
If you want communication
Thats what you get
I'm talking and talking
But I don't know
How to connect
And I hold a record for being patient
With your kind of hesitation
I need you, you want me
But I don't know
How to connect, so I disconnect
I disconnect.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Formatações

Porque raio andei eu a colocar o link dos Coldplay em tamanho reduzido e agora me aparece fora do alinhamento!? Haja paciência :)

"In my place were lines that I couldn't change"





Por muito que possamos acreditar que vamos mudar o mundo apenas porque o pensamos, há sempre o dia em que um salto nos faz voltar a pousar no chão.

Se "sabe bem ter-te por perto", também sabe bem saber onde estás. Prefiro saber que nem todas as histórias podem ou vão ter finais felizes... prefiro ter essa consciência a viver de ilusões. Até pode ser um tom duro ou algo amargurado, mas prefiro assim... que se soltem as amarras e o barco siga o seu caminho.

Talvez esteja com tempo a mais (por causa das férias) para pensar, e é até provável que este filme se torne numa saga (que por sinal já começou há alguns anos), mas a verdade é que depois de ontem e depois de mais uma vez ouvir Coldplay, os meus pés acentaram e percebi que o que tiver que vir a acontecer terá o seu momento.

Neste instante apenas sei que há linhas que não posso mudar. Não sei se por ter deixado passar o momento, ou se por ter acreditado que um dia se tornaria possível, mas... O grande "MAS" que odeio que paire no meu ar...

Como é possível que eu seja tão decidida e objectiva e nos momentos chave do coração as dúvidas cresçam mais depressa do que ervas daninhas. Pior é que sei que tive o teu coração nas mãos e o deixei fugir e que desta vez até adoptaste a postura do "não sei o que quero". Assim sendo, também eu não sei se quero indecisões. Merecemos bem mais.

Diz-me tu: que hei-de eu fazer? Espero que te decidas ou simplesmente continuo a fazer tudo como se ainda trocassemos sms sempre com a mesma sigla?

Se é verdade que aprendemos com os erros, também é verdade que os ritmos e os momentos de cada um de nós podem ser simplesmente diferentes.

Enfim... não posso dizer que vou esperar ou que ficarei feliz se a história ficar como está. Apenas digo que aconteça o que acontecer, terás um lugar especial no meu coração e jamais deixarei de te ter como um bom amigo.









In my place, in my place




Were lines that I couldn't change








segunda-feira, 7 de março de 2011

Silêncio e tanta gente


"Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro o amor em teu olhar
É uma pedra
Ou um grito
Que nasce em qualquer lugar

Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal aquilo que sou
Sou um grito
Ou sou uma pedra
De um lugar onde não estou

Às vezes sou também
O tempo que tarda em passar
E aquilo em que ninguém quer acreditar

Às vezes sou também
Um sim alegre
Ou um triste não
E troco a minha vida por um dia de ilusão
E troco a minha vida por um dia de ilusão

Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro as palavras por dizer
É uma pedra
Ou um grito
De um amor por acontecer

Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal p'ra onde vou
E esta pedra
E este grito
São a história d'aquilo que sou
"



Letra de Maria Guinot

Fonte de imagem: www.webdesigncore.com

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Dog days are over!

Só pode ser mesmo a música/hino do dia!!! Porque só posso tatuar na pele: the dog days are over!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Monday or not

Indepedentemente do dia da semana, só me apetece dizer alto e em bom som: IT SUCKS!!!

Depois de ter criado uma série de expectativas parvas no trabalho, levei mais um enorme balde de água fria.... já devia estar habituada, mas se pensam que me vencem pelo cansaço, enganam-se: vou dar a volta. Mais uma vez!!!

Por vezes até me posso sentir frágil, mas hoje percebi, uma vez mais, que sou dura na queda. Não hão-de ver um momento de quebra ou desalento.

Depois da desilusão só posso esperar pela vitória em mais uma oportunidade que hei-de conseguir encontrar numa próxima adversidade de esquina.

It's just another manic Monday.



Have to catch an early train, got to be to work by nine
And if I had an air-o-plane, I still couldn't make it on time
'Cause it takes me so long just to figure out what I'm gonna wear
Blame it on the train but the boss is already there.

It's just another manic Monday
I wish it was Sunday
'Cause that's my Funday
My I don't have to runday
It's just another manic Monday.