terça-feira, 17 de agosto de 2010

E hoje é já outro dia

"Tudo o que já não é,
A dor que já não me dói,
A antiga e errónea fé.
O ontem que a dor deixou.
O que deixou alegria.
Só porque foi e voou.
E hoje é já outro dia."
Fernando Pessoa

1 comentário:

Anónimo disse...

Dá a surpresa de ser.
É alta, de um louro escuro,
faz bem só pensar em ver
seu corpo meio maduro.
Seus seios altos parecem
(se ela estivesse deitada)
dois montinhos que amanhecem
sem ter que haver madrugada.

E a mão do seu braço branco
assenta em palmo espalhado
sobre a saliência do flanco
do seu relevo tapado.

Apetece como um barco.
Tem qualquer coisa de gnomo.
Meu Deus, quando é que eu embarco?
Ó fome, quando é que eu como?

Fernando Pessoa