sábado, 11 de outubro de 2008

Ausência

Mesmo sem saber se um dia vais fazer parte da minha vida, hoje senti a tua ausência. Não tens nome, não sei quem és nem como é o teu rosto. O vazio que esteve no meu pensamento por instantes deixou-me leve... leve como uma pena que voa sem destino, sem corpo para aquecer.
Hei-de sentir-te. E a ausência e o vazio serão preenchidos.
Espero que não tenhas passado por mim sem que te desse atenção. E tu? Vais saber reconhecer-me?

Ausência de Carlos Drummond de Andrade

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

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